“Perda” nunca foi uma palavra apreciada na indústria, mas hoje em dia, com a altíssima competitividade, evitar as perdas tem sido cada vez mais uma necessidade dentro do processo de produção.
Desperdiçar significa correr o risco de ficar para trás na corrida pela produtividade, a diferenciação e a lucratividade. Por isso, é fundamental entender o prejuízo causado pelas perdas e como trazer mais controle para sua empresa.
Perdas podem até ser normais, mas…
OK, existem, sim, as perdas normais. Elas fazem parte da produção, como forma de se chegar ao produto final e variam de acordo com o tipo de produto que está sendo produzido e a tecnologia de produção empregada.
Por outro lado, as perdas anormais não são previstas e podem decorrer tanto de acidentes e incidentes na produção como por falta de planejamento. Quebra de equipamentos, erro humano ou mesmo incêndios e desabamentos. São inconvenientes que acabam gerando custos e impactando no preço final da mercadoria e, claro, nos resultados da companhia.
Voltando um pouco à perdas normais, estas também requerem cuidados e atenção em relação ao planejamento do que será perdido e descartado. Toda essa perda, portanto, deve constar no Custo dos Produtos Fabricados. Já as anormais, entrarão como despesas operacionais do período observado.
De olho na produção – e nos desperdícios
Para entender como reverter suas perdas de produção, o primeiro passo é identificar suas causas, que podem ser diversas como: desorganização do ambiente de produção, falta de manutenção nos equipamentos, falta de treinamento e capacitação da equipe, erros nos processos, falta de planejamento de compras, entre outros. Todos esses fatores afetam diretamente a lucratividade do negócio. É a partir dessa “investigação” que você poderá buscar a melhor correção para os problemas e prever, da melhor maneira possível, os desagradáveis imprevistos e poder calcular corretamente seu custo de produção.
1. Padronização
Produzir significa também seguir umscript padronizado para todas as operações envolvidas. A falta desse procedimento gera o risco de atrasos e ações desnecessárias para se chegar a um bom resultado. Fora os erros na geração do produto final e a falta de unidade entre as peças produzidas, o que pode inclusive afetar processos produtivos de outras empresas que usem o seu produto como matéria-prima.
Outro cuidado é sempre calcular a quantidade exata de matéria-prima necessária para a produção de determinado item. Isso porque as sobras deixadas nas máquinas se deterioram com o tempo, geram desperdício e até vão se acumulando e se somando a outras sobras, contaminando o processo.
2. Superprodução e desalinhamento entre as áreas
Produzir demais e deixar estoque parado é perda de dinheiro na certa. Fora que mercadoria parada pode também se deteriorar, prejudicando ainda mais as vendas e afetando a lucratividade. Por outro lado, faltar matéria prima durante a produção causa atrasos na entrega, prejuízos com compras emergenciais, entre outros.
Vale lembrar que boa parte da produção se dá por demanda, ou seja, conforme as necessidades da área de vendas. É por isso que as áreas de produção e comercial devem estar em pleno alinhamento, evitando transtornos ao processo produtivo e garantindo que os prazos sejam cumpridos à risca para a venda final com total qualidade de produção. Estudando o histórico de vendas por períodos, é possível calcular a quantidade de matéria prima necessária para se ter em estoque, não esquecendo de levar em conta as datas sazonais onde existem mais ou menos demandas. Conte com um bom software de ERP para obter informações confiáveis.
3. Treinamento nunca é demais
Não podemos nos esquecer de que uma equipe especializada faz toda a diferença. A falta de qualificação tende a produzir mais erros, levando a aumentos inesperados dos custos de produção.
Para solucionar esse problema, os treinamentos devem ser parte da rotina da empresa, tornando o seu pessoal sempre mais qualificado. Outro ponto é utilizar tecnologias que apoiem sua equipe, automatizando processos em etapas que funcionam de forma mais eficiente sem a intervenção de pessoas.
Por fim, dê especial atenção à planta de produção.
Dependendo de como ela está organizada, pode tornar os processos mais demorados ou exigir longos deslocamentos internos, o que gera uma grande perda de tempo, além de desgaste físico.
4. Processos desnecessários
Um procedimento importante em qualquer processo produtivo é observar a sua dinâmica e simplifica-la, eliminando etapas ou procedimentos que atrapalham a fluidez da produção, custam caro e não agregam em nada ao produto final.
E, por falar em perda de tempo, que tal ficar de olho se seu processo está fluindo bem? Lembre-se de que pessoas e máquinas paradas geram custo alto e lucratividade baixa.
Inclua também as pausas necessárias para manutenção das máquinas e equipamentos. Máquinas paradas por mal funcionamento geram atrasos, prejuízos e uma péssima imagem junto aos clientes.
5. Matéria-prima demais
Qualquer cálculo mal feito pode prejudicar sua produção, incluindo aquele que prevê um consumo exagerado de matéria-prima. Nem é preciso dizer que assim você aumenta os custos e diminui a sua lucratividade.
Um ponto a se observar é se os materiais não aproveitados pela sua produção podem ser revendidos ou reaproveitados, especialmente as sobras do processos produtivo, que podem se tornar matéria-prima para outras indústrias. Usando a criatividade é possível transformar aquilo que é descartado, em novos produtos ou formando parcerias com outras indústrias, artesãos, ONGs. Assim você evita perdas de forma sustentável e ainda apoia o mercado como um todo.
Então que tal colocar essa redução de desperdícios como meta para este ano? Boa sorte e boa produção!