A colaboração em alta – parte I
Pode parecer assustador, mas poucas vezes o universo empresarial teve que conviver com tantas incertezas e ainda habituar-se a elas como se anunciassem um novo e permanente estilo de vida para os empreendedores. São novos modelos de negócio, novas ferramentas tecnológicas, novas fontes de disrupção. As startups surgem com força total, as empresas já consolidadas precisam se reinventar. São muitas as mudanças e muitos os estímulos para se transformar em meio a esse contexto.
Para manter-se sempre mais relevantes, as empresas devem adaptar-se ao universo do desconhecido, criando um desejo permanente de inovação dentro de sua cultura e preparando-se para mais e mais adaptações sempre que o mundo sinalizar nessa direção. E um dos pontos a serem levados em consideração é a questão hierárquica e burocrática dentro de uma organização: como promover mudanças frequentes quando o status quo é imutável e baseado em complexos modelos de funcionamento? Tal questionamento é o primeiro passo para se perceber que o que antes parecia tão plenamente consolidado, agora pode até gerar um problema para as empresas.
É nessa conjuntura que entra a ideia de colaboração como substituta da rígida hierarquia promovida no passado, quando transformações se davam de forma muito mais lenta e gradativa. Fora dessa esfera de enorme controle estão as empresas que preparam cada colaborador para atuar como líderes, assumindo responsabilidades com mais autonomia e, consequentemente, de forma mais motivada.
O incentivo à colaboração e à inovação
Desenvolver uma cultura que estimule atitudes colaborativas e a troca de ideias tende a promover uma maior integração entre equipes e entre colaboradores, fugindo à máxima de que determinadas áreas serão eternamente vistas como rivais e de que funcionários em posições de menor destaque irão naturalmente se sentir em conflito com a gerência. Na verdade, quanto maior for a horizontalidade da hierarquia, menor a exposição a esse risco. Afinal, todos estarão voltados para um propósito comum.
Enquanto no modelo tradicional a empresa pensava o funcionário como uma “propriedade”, prevendo relacionamentos de longuíssimo prazo junto a ele, hoje o gerenciamento desse profissional é feito a partir de um objetivo. Não importa o tempo, mas sim o resultado. Assim foram se constituindo as equipes remotas e a consultoria externa, o que oferece flexibilidade para o colaborador e conhecimento especializado – mesmo vindo de fora – para a empresa.
Em resumo, hoje as corporações (junto aos colaboradores) tem se comportado cada vez mais como um organismo vivo e em constante evolução e adaptação, permitindo-se aprender cada vez mais e aplicar esses novos aprendizados em seu dia a dia, sem que para isso seja necessário ultrapassar uma imensa burocracia. Mais autonomia para os colaboradores, maior independência e uma liderança muito mais inspiradora do que controladora. São esses os elementos para que, cada vez mais, as equipes se tornem auto gerenciáveis.
Fazendo a transformação acontecer
Transformar a estrutura organizacional e renovar a cultura de uma empresa pode não ser tarefa da noite para o dia, mas pode ser algo realmente efetivo se contar com um mudança de mentalidade na alta administração. Toda a liderança precisa estar disposta a absorver e transmitir esse novo pensamento e atitude à toda a organização. Mais uma vez, o líder precisa ser a força inspiradora da mudança, e não uma central de aprovação de pedidos e orçamentos.
Fazer da empresa um espaço de colaboração, mais livre e autônimo, no entanto, nada tem a ver com displicência ou falta de comprometimento. Pelo contrário. A ideia, aqui, é ter por perto profissionais que abracem essa causa, sintam-se verdadeiramente engajados e entendam todos os benefícios que podem oferecer à organização como um todo.
Por fim, é preciso lembrar que toda mudança exige paciência, persistência e muitas adaptações. Uma delas é o desapego – especialmente dos cargos gerenciais – em relação à sua posição de autoridade. Quanto mais horizontal for a hierarquia, menos essa demonstração de poder deve aparecer. No final das contas, todos ganham, e podem contar com mais conhecimento, compartilhado e absorvido por todos.